No dia 1o. de abril de 2016 a Apple completou 40 anos. Em homenagem a seu fundador, Steve Jobs, foi hasteada uma bandeira pirata com o colorido logotipo da Apple, símbolo da “Divisão Macintosh”. Mas quem eram os “piratas da Apple”?
No começo dos anos 80, o Macintosh não era uma prioridade para a Apple. Desenvolvido em um pequeno grupo organizado por Steve Jobs para ser o “revolucionário” sucessor do Apple II (ainda o carro-chefe da empresa), o projeto não tinha apoio da diretoria, em especial de John Sculley, que conduzia a empresa com foco no projeto Lisa, iniciado em 1978.
Expulso do desenvolvimento do Lisa em 1982, Jobs era contra esta decisão e revoltou-se quando, em janeiro de 1983, Sculley fez o lançamento do Apple Lisa para o mercado. Logo depois, Jobs reagiu com mais um dos costumeiros retiros inspiracionais com a equipe Macintosh, a fim de acelerar o seu desenvolvimento, para que o computador fosse lançado o mais rápido possível.
A palestra inicial do evento teve a apresentação dos três “Ditos do Presidente Jobs”:
1. Real artists ship. (Artistas de verdade sempre prontos para embarcar, estão prontos para tudo.)
2. It’s better to be a pirate than join the navy. (É melhor ser um pirata do que se juntar à marinha.)
3. Mac in a book by 1986. (Mac em um livro em 1986.)
O objetivo de Jobs era inspirar a equipe e estabelecer o tom do encontro: a retomada do espírito revolucionário que formou o grupo, que havia se tornando burocrático e lento com o passar do tempo. A alegoria dos piratas tinha todo o sentido, a equipe Macintosh era os foras-da-lei, estavam contra o que a diretoria havia definido, operavam de maneira independente dentro da Apple. Jobs queria manter este espírito mesmo com o grupo “crescendo mais que a marinha” a cada dia que passava.
Surge a bandeira pirata
Em agosto de 1983, a equipe Macintosh se mudou para um prédio conhecido como “Bandley 3”. Como o edifício se parecia como os outros no campus da Apple, o grupo queria fazer ele se sobressair e tornar óbvio que era a “Casa do Macintosh”.
Steve Capps, um desenvolvedor que havia mudado de equipe justamente quando Steve Jobs proferiu a famosa frase, teve um lampejo de inspiração: um bando de piratas deveriam tremular a “Jolly Roger” em seu navio.
O programador pegou um pedaço de tecido preto e costurou uma bandeira. Depois, pediu a Susan Kare para pintar uma caveira branca com os ossos cruzados. O tapa-olho foi arranjado aplicando um decalque do logotipo arco-íris da Apple, e estava pronta a bandeira.
No meio da noite de um domingo, antes da equipe pisar no Bandley 3 pela primeira vez, a bandeira pirata foi hasteada no topo do prédio de maneira improvisada, usando sobras de materiais de construção. Um fino mastro de metal reciclado e três ou quatro pregos enferrujados seguraram a bandeira em uma calha no telhado do edifício.
Captura à bandeira
Andy Hertzfeld, que também estava envolvido no projeto, contou que a turma não sabia ao certo como o resto do grupo e principalmente Jobs iria reagir à bandeira, mas acabou sendo um grande sucesso entre a equipe e tornou-se uma atração definitiva no prédio, gerando um certo rebuliço no resto da empresa.
Um dos causos divertidos foi quando, de certa feita, a equipe do Lisa roubou a bandeira. Os “rivais” chegaram a enviar uma nota de resgate. A equipe Macintosh fez então o que um bando de piratas faria: roubaram a bandeira de volta, com Capps literalmente lutando para arrancá-la das mãos de uma das secretárias da equipe Lisa, que havia escondido a peça na sua escrivaninha.
A bandeira continuou a tremular no Bandley 3 por mais de ano, até desaparecer novamente, sem que soubesse o que havia acontecido com ela. Passados mais de 30 anos, o artefato icônico ressurge em homenagem a Jobs. Não se sabe se era a original, mas certamente o símbolo continua forte na cultura da Apple.
[Com informações do Folklore.org e AppAdvice.]