Amor e ódio. Macmaníacos em todo mundo expressam sua surpresa, terror, indignação, mas também esperança e confiança, com o anúncio da mudança da plataforma Macintosh para chips Intel. Muitos já declararam sua desistência do mundo Mac, afirmando que os novos Apple serão apenas “PCs bonitinhos”; outros confiam na genialidade de Steve Jobs e acreditam que esta mudança vai aumentar a presença da Apple no mercado, e que a plataforma IBM/PC vai começar a perder terreno. Não foi a Apple que se uniu ao lado negro; foi a Intel que viu a luz.
Apesar de ser um mercado pequeno, pode-se dizer que a Intel teve uma importante vitória num momento que a Microsoft e a Sony escolheram os processadores IBM como base para seus novos video-games. A decisão foi recebida com entusiasmo pela empresa: “a Apple ajudou a fundar a indústria do PC e durante todos estes anos é reconhecida por apresentar novas idéias e novos paradigmas” declara Paul Otellini, presidente da Intel. “Nós estamos extremamente satisfeitos em ter a companhia de computadores pessoais mais inovadora do mundo como cliente”, completa.
Também é uma vitória da Intel frente sua rival AMD, já que ambas fornecem chips semelhantes e a Apple poderia escolher a segunda como fornecedora oficial, com custos bastante baixos. Ao mesmo tempo que a AMD aprova a decisão da Apple, considera equivocada a escolha do parceiro, obviamente: “a Apple não fez a melhor escolha”, declarou um representante da empresa para o site C|NET. “Seria bem-vinda a oportunidade de fornecer para os usuários Apple as soluções mais inovadoras em processadores”, completa.
Pelo lado da IBM e Freescale (leia-se Motorola), parece que a perda não foi importante, já que não apresentaram nenhuma declaração de efeito sobre a decisão da Apple. “Não foi uma surpresa para nós que negociamos com a Apple por mais de 20 anos”, declarou Tim Doke, vice-presidente na Freescale. “Nós entendemos que chegamos em um ponto que nossos caminhos não estão indo na mesma direção”, completou.
Talvez porque não queiram mais competir no mercado de computação pessoal. Tanto IBM e Freescale irão procurar repor a produção perdida em outras áreas, como sistemas automobilísticos. A Freescape comentou que está particularmente interessada em seus processadores para comunicações, como os encontrados em estações de base. Diante disto, reafirma-se o motivo pelo qual a Apple teve que desistir deste relacionamento: seus parceiros não davam a mesma importância ao negócio de computação pessoal (o que não era novidade no caso da IBM).
Assim, não é surpreendente a brincadeira de Bruce Chizen, CEO da Adobe: “o que tomou tanto tempo?”. Ele continua: “Nós acreditamos que foi uma mudança realmente inteligente da parte da Apple e planejamos criar futuras versões de nossa Creative Suite for Macintosh que irá suportar ambos processadores, PowerPC e Intel”.
A Microsoft foi outra empresa que saudou a decisão da Apple: “nós temos um forte relacionamento com a Apple e iremos trabalhar juntos para continuar nossa longa tradição de fazer grande aplicações para uma grande plataforma” declarou Roz Ho, gerente geral da Unidade de Negócio Macintosh da Microsoft.
Já Steve Ballmer não deu muita importância, mas considerou uma mudança arriscada. “Tem muito mais aplicações Windows do que para Apple. (…) O que muda? Eu não sei.” declarou ao site C|NET.
De qualquer maneira, parece que o impacto é positivo para a maior parte dos usuários (e ainda não-usuários). “Isso vai enfraquecer várias barreiras em relação à mudança para a plataforma Mac”, comentou James Richardson, líder de tecnologia na NASA.
Steve Jobs declarou que a Apple vai fazer uma transição gradual de todos os Macs com processadores PowerPC para chips Intel até o final de 2007.