Em 2003, o jornalista Lúcio Ribeiro falava da sua surpresa e entusiasmo com seu novo aparelhinho: uma coisa chamada “iPod”. Divirta-se lendo este texto da época.
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Ganhei meu iPod em uma viagem que fiz a Nova York, na Páscoa do ano passado, mas só me encontrei à vontade de falar nele agora, por dois motivos, que vão além da efeméride de aniversário do “menino”. Primeiro porque o dólar está despencando; depois porque a ótima nova revista britânica “Word” deu a chamada de capa acima a uma matéria de quatro páginas sobre o aparelho e me estimulou a escrever sobre ele. O título do artigo: “Querida, encolhi a coleção de discos”.
(Antes: a “Word” é mais uma revista pop a sair no embalo do novo rock, embora tenha um “viés” mais alta cultura. Pareceu-me mais bacana que a “Uncut”, que tem sido mais chata do que legal nos últimos tempos.)
Linhas gerais (vou tentar ser o menos técnico possível), o iPod, essa belezinha aí de cima, é um minicomputador tocador de MP3, criado pela Apple exclusivamente para quem possui computador Macintosh, mas que já está ganhando versão para PC.
O modelo mais simples do iPod, tal qual o meu, tem em detalhes técnicos 5GB de capacidade, o que traduzindo no que interessa equivale a dizer que ele é capaz de armazenar de 800 a mil músicas de uma vez (cerca de 70 a 100 CDs). Sua bateria comporta 10 horas sem recarga, mais ou menos. Seu tamanho, o de um maço de cigarros. A qualidade de som, uma beleza.
Todo computador Mac que se preza tem um programa de música chamado iTunes, que entre tantas coisas permite você armazenar inúmeros MP3s que você baixa da internet ou “importar” músicas de um CD comum para dentro do programa.
A sincronia do iTunes com o iPod é de uma rapidez absurda. O transporte de músicas para o pequeno iPod ocorre em segundos.
Por exemplo: você baixa o novo CD do Radiohead da internet. Bota ele numa pastinha organizada no iTunes, com nome da música, o álbum do qual ela pertence, quem é o artista etc.
Na hora do transporte do CD para o iPod, em segundos está lá a pasta, com as músicas e todas as informações contidas.
Acredite: perto do iPod e em plena era digital, CDs e aparelhos de som, prateleiras e estantes de discos parecem coisa da casa dos Flintstones.
Agora você entende o que acontece quando seguro o iPod e penso na minha vitrola que a tampa era a caixa acústica ou na época em que eu gravava uma fitinha de um programa do Kid Vinil em uma rádio que não sintonizava direito?
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Lúcio Ribeiro é jornalista de cultura pop. Edita o Popload e escreve sobre música para o caderno Ilustrada, da Folha de S.Paulo. É curador do festival Popload Gig e do Popload Festival, sócio do Cine Joia e DJ residente do Bar Secreto em SP. Viaja bastante pelo Brasil tocando em festas de rock.